sábado, 23 de maio de 2009

Um filme pra chorar...



Eu sempre digo e todos estranham, mas é a mais pura verdade: pra mim, filme perfeito é o que me faz rir e chorar; isso mesmo, rir E chorar(não necessariamente nessa ordem). Se um filme tiver que me emocionar ou me assustar ele precisa fazer isso de um modo que me arranque lágrimas e riso(mesmo que eu acabe rindo de mim mesma por estar chorando), da mesma forma a comédia, ela precisa me fazer rir até chorar...não sendo assim, pode apostar que, pra mim, ele não é bom o bastante. Quem me conhece sabe que não sou muito fã de comédia, e esse deve ser o motivo, poucas me fazem chorar de tanto rir. Todo esse preâmbulo aqui só pra falar sobre o filme Prayers for Bobby, que eu acabei de assistir. Um filme maravilhoso, que traz a impecável Sigourney Weaver interpretando a mãe de um jovem homossexual que se suicida aos 20 anos, por não conseguir lidar com o fato de ser gay em uma família que não o aceita. A história é baseada em fatos reais, se passa no meio dos anos 70, e reacende a velha discussão do homosexualismo em duas tolas vertentes: é pecado, por isso combatido veementemente pelas igrejas, e é doença, onde a cura só depende da força de vontade do "portador". Crenças ridiculamente preconceituosas, absurdas, e que têm origem exclusivamente na ignorância popular, considerando-se que uma pessoa não escolhe ser gay,ou hétero, assim como não escolhe ser branco, ou moreno. Quase 40 anos depois, pode-se dizer que muitos adolescentes ainda se encontram na mesma situação que o jovem Bobby(Ryan Kelley), assustados dinte da própria sexualidade, e acuados pela incompreensão dos que o amam. Orações para Bobby, título em português, é também, e principalmente, uma história de amor materno; pode-se dizer que foi o amor de Mary(Sigouney Weaver) por seu filho Bobby que impediu que tudo terminasse com a morte dele, pelo contrário, a perda do filho representou para ela um doloroso ponto de partida, de recomeço, e de construção de uma nova forma de ver e viver em um mundo cheio de preconceito e medo de enfrentar o desconhecido. Que sempre assusta, daí a pressa em afastá-lo.

Espanca, Flor!

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!" (Florbela Espanca)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

18 de Maio: Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Há exatos 22 anos, em 18 de maio de 1987, a cidade de Bauru, em São Paulo, deu início a um movimento revolucionário no campo da saúde, especificamente da saúde mental, que sempre permaneceu à margem das políticas públicas de saúde do país. Esse movimento, que já nasceu com espírito de luta, pretendia acabar com a pouca vergonha do desrespeito às pessoas portadoras de sofrimento psíquico, e levou para as ruas da cidade todos os profissionais de saúde, cobrando das autoridades providências para um projeto de reforma psiquiátrica no Brasil. Uma reforma que passava, obrigatoriamente, pela extinção dos manicômios no país, símbolo maior da exclusão do doente mental. De lá pra cá muitas mudanças aconteceram, conquistas e vitórias foram alcançadas no âmbito da reforma, e duas dessas conquistas se destacam entre as demais: 1. a garantia por lei de que os manicômios brasileiros seriam fechados, gradativamente, acabando assim com a chamada indústria da loucura, ao se evitar internações necessárias de pacientes psiquiátricos; 2. a Lei que instituiu a criação dos CAPS – Centro de Atenção Psicossocial como serviço alternativo de atendimento e aos pacientes com sofrimento mental, uma vez que nesses centros se busca resgatar a dignidade e autoconfiança dos usuários, através de um plano de tratamento que visa, acima de tudo, a inserção do paciente na comunidade, por meio de atividades desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar. Dentre as atividades desenvolvidas pela equipe destacam-se, além do atendimento médico, os trabalhos realizados nas oficinas terapêuticas, as atividades em grupos, o atendimento à família, e o apoio ao paciente nos projetos de inclusão. Aqui no CAPS de Marco, essa equipe é composta por 01- médico psiquiatra, 01- enfermeira, 02- psicólogas, 01- assistente social, 01- psicopedagoga e 01- terapeuta ocupacional, além de uma equipe de apoio aos serviços, formada por 01- recepcionista, 02- auxiliares de enfermagem, 01- auxiliar de farmácia, 01- agente administrativo, 01- artesão, 01- vigilante, 01- motorista, 01- copeira e 02- auxiliares de serviços gerais, além de 01- supervisora, todos trabalhando pelo mesmo objetivo: resgatar para o doente mental o direito de SER. Mesmo com todas as vitórias alcançadas nesses 22 anos de luta, ainda nem está perto do que é necessário para que o doente mental conquiste o seu lugar na sociedade, seja reconhecido e aceito como alguém que precisa de apoio, carinho e, acima de tudo, de respeito e valorização para superar seus problemas.O Movimento Antimanicomial busca, acima de tudo, um atendimento humanizado na saúde mental, onde o respeito pelo paciente seja uma realidade, e não apenas palavras soltas. Nossa luta, enquanto profissionais da área, e enquanto cidadãos envergonhados, é pelo tratamento do paciente sem que ele seja retirado do convívio com a família, evitando, sempre que possível, a sua internação em hospitais psiquiátricos,entendida instrumento de exclusão, violência e usurpador da dignidade humana, na medida em que transforma doentes em prisioneiros.O CAPS, juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde e a Prefeitura Municipal de Marco, convida a população marquense para participar de uma caminhada pelas ruas da cidade, como parte das atividades em nosso município que marcarão os 22 anos da Luta Antimanicomial no Brasil. No dia seguinte, 19 de maio, estará sendo realizado no próprio CAPS um mini-fórum com a participação de representantes de todas as unidades de saúde do município e secretários municipais, levantando questões e em torno da rede de serviços de saúde do município, com a pretensão de fortalecer cada vez mais as parcerias e mais ainda beneficiar os usuários da saúde. Diga não a exclusão social! Diga não ao preconceito!Diga sim a dignidade!Diga sim ao respeito!Diga sim a liberdade! Venha, junte-se a nós nessa caminhada e diga não ao preconceito contra o doente mental.Lembre-se: SEM SAÚDE MENTAL, TODO O RESTO VAI MAL

quinta-feira, 14 de maio de 2009

15 de Maio, Dia do Assistente Social.



"Assistente Social é uma moça boazinha que o governo paga pra ter dó dos pobres." A piada é antiga, e perdeu a graça, já. Aliás, pra mim ela nunca teve graça. Nunca me achei boazinha, e tenho dó, mas não dos pobres, e sim das relações desiguais que fabrica pobres e miseráveis aos montes. E essa visão de Serviço Social encontra justificativa não apenas na origem da profissão, com as primeiras senhoras da caridade, mas também pelos princípios que norteiam a sua prática, no compromisso profissional de luta contra qualquer forma de desigualdade ou de violência, e na busca constante da garantia dos direitos sociais e da dignidade humana. Compromisso que exige do profissional um grau de consciência que vai além do apiedar-se dos injustiçados, mas passa, obrigatoriamente, pelo conhecimento e aplicação eficaz do projeto ético e político da profissão.

São princípios do Serviço Social:
O reconhecimento da liberdade como valor ético central, a defesa dos direitos humanos, a democracia como valor universal, a equidade e a justiça social, o pluralismo e o direito à diferença, o combate a todas as manifestações de discriminação e preconceito, a busca da inserção social de todos os indivíduos e o compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população.

Em um mundo globalizado e cada vez mais tecnológico, que a cada dia mais fragiliza as relações entre as pessoas, a prática do Serviço Social se aprsenta como um desafio constante e sempre crescente, na medida em que, pela própria natureza da profissão, lida frequentemente com o lado mais perverso da vida. Talvez por isso, e pelo fato de muitas pessoas ainda desconhecerem o significado do trabalho social, ainda exista uma grande parcela da população que confunde assistencialismo com assistência, chegando mesmo a acreditar que assistente social é sinônimo de bondade; o que, é óbvio, passa longe da verdade. Confunde-se, inclusive, Serviço Social - que é profissão, com Assistência Social - que é Política Pública. E é na esfera das políticas públicas, em especial as políticas sociais, que se dá o embate do profissional de serviço social com as forças históricas contraditórias que dão origem a essas políticas, sendo ele, assistente social, agente implementador dessas políticas, e usuário delas, na condição de trabalhador assalariado. No âmbito dessas contradições o serviço social evoluiu, ao longo de sua história, firmando-se como profissão de caráter interventivo, o que exige do profissional uma definição pessoal no plano político, diante das questões que se lhe apresentam no dia a dia. Essa definição é que irá nortear sua prática profissional, fazendo com que se decida sobre o rumo que dará às suas ações, sempre pautadas em valores éticos claramente explicitados no Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais. Além disso, a ele cabe um privilégio todo especial no mercado de trabalho: produzir um conhecimento específico da realidade social de classes menos favorecidas, a partir de sua própria interveção nessa realidade. O que acaba por exigir, em contrapartida, que ele tenha sempre em mente a necessidade de se atualizar, reciclar seus conhecimentos teóricos, que fundamentarão, consequentemente, novas formas de intervenção.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Eu, a feliz ganhadora...


E pensar que nunca, nunquinha na vida eu ganhei seja lá o que for em rifas, sorteios, ou algo que o valha. Nunca! Lembro mesmo de uma vez, quando estava na moda aqueles bingos de carros que mobilizavam a cidade inteira(falo de cidade de interior) e fomos lá, um grupo de amigos, doidinhos pra ganhar um automóvel zero. Eu, pra ser sincera, fui por ir, como se diz, mas sem esperança de ganhar. Nunca ganhava nada, mesmo. E começamos a marcar nossas cartelas, entre risadas e brincadeiras, piadinhas de bom e de mau gosto, até que todos à minha volta se deram conta de que eu estava por um número para bater. todos, menos eu, é claro. "Querida, você está armada!" Eu estava? Sim, eu estava! Percebi , mesmo atrasada. e percebi também( o que me causou um certo desconforto), que todas as pessoas próximas a mim haviam parado de marcar suas cartelas, acompanhando nervosamente a chamada dos números e esperando que o meu fosse o próximo. Não entendi o que aquilo significava, parecia que a minha cartela era de todos, agora; de repente todos os interesses se voltaram para mim e a minha quase premiada cartela. Tive vontade de dizer pra todos que não, não fizessem aquilo, continuassem marcando seus números, mesmo que para quase todos eles faltassem 05 ou mais números e na minha só um. Eu me conhecia, sabia da minha falta de sorte pra jogos, e um sentimento de culpa já tomava conta de mim. Permaneci de cabeça baixa, envergonhada, enquanto a voz forte no microfone continuava chamando, 1, 2, 3, creio que chamou mais de dez números até que alguém gritou do meio da multidão: "Bati!", e eu lá, esperando o meu único número que parecia não existir naquela combuca cheia de bolinhas brancas numeradas. Ninguém pareceu acreditar naquilo, só eu, é claro, que sempre soube que jamais ganharia aquele carro. Não ousei encarar nenhum daqueles rostos incrédulos e acusadores. Ok, me desculpem, eu deveria ter avisado, mas também a culpa é de vocês, quem mandou investir tanto em uma desconhecida? Saímos dali, eu e meu grupinho de amigos, feito torcedores de time de futebol que se vê de repente no meio da torcida adversária. fomos sentar do outro lado do campo(ah, porque o bingo estava acontecendo mesmo em um campo de futebol), Olhei para a cartela antes de dobrá-la e enfiá-la na bolsa(nem sei porque fiz aquilo), enquanto todos rasgavam ou amassavam as suas e atiravam longe, com raiva. Eu não, nenhuma raiva, só remorso e culpa, por ter frustrado as expectativas de tanta gente. Que eu nem sei quem era! E pensar que sempre considerei o 8 meu número de sorte. Verdade que nunca ganhara nada com ele ou qualquer outro número, mas o 8 sempre me pareceu tão bonitinho, que eu decidi, em algum momento da minha vida, que ele seria o meu número de sorte. Que acabou acontecendo de verdade pra mim, a sorte, não o número 8, quando recebi aquele e-mail cujo assunto era "Olá, Ganhadora de um Box" e começava assim " olá Glos venho trazer boas noticias você ganhou a rifa do Box parabéns que sorte hein Preciso que acesse esse link..." e por aí vai. Enfim, dava pra pensar que era uma brincadeira comigo, não dava? Desde quando eu ganhava algo? Ou, se não era brincadeira, então logo, logo se dariam conta do erro e viria um outro e-mail tipo assim, " desculpe, foi engano..."; mas não foi engano. Eu realmente ganhei aquela rifa! Só não lembro qual foi o número sorteado, mas sou capaz de apostar que o 8 não passou nem perto. E, com a sorte que ando tendo pra jogos, é quase certo que eu ganhe essa aposta.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Vitor Lourenço, um brasileiro.

Interessante a entrevista de Vitor Lourenço, brasileiro famoso pela criação do novo layout do twitter. Além do talento do brasileiro, chamou-me a atenção sua resposta à quinta pergunta feita por membros do twitter para entrevista a Veja.com sobre sua rotina de trabalho. O moço não esqueceu de dar a devida importância ao fato de terem comida disponível, café da manhã e almoço todos os dias! Pasmem! Todos os dias! Brasileiro mesmo, esse Vitor, sabe reconhecer o que realmente tem valor para o nosso povo. Confiram no link abaixo a entrevista.
http://veja.abril.com.br/noticia/variedade/vitor-lourenco-rosto-brasileiro-twitter-469655.shtml

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Outro Lado da Seca


Estou lendo aqui no O Povo on line que o governador Cid Gomes vai sobrevoar, nesta manhã, as cidades atingidas pelas chuvas na Região Norte do estado. A primeira coisa que me vem a cabeça é aquela música do Bráulio Tavares e Ivanildo Villanova, na voz da maravilhosa Elba Ramalho, que diz: imagine o Brasil ser dividido e o Nordeste ficar independente; quem conhece lembra que antes de começar a cantar tem um trecho falado, onde ela diz alguma coisa sobre os políticos brasileiros sobrevoarem o Nordeste em época de eleição para comprovarem que realmente há seca no Nordeste. Legal, né não? Tão reconfortante! Sem críticas a atitude do nosso governador, sobrevoar é mais seguro do que navegar. O povo que o diga. Continuando a leitura vejo que está incluída ali, nos municípios alagados e que estão recebendo ajuda da Defesa Civil, a pequena cidade de Marco, com seus pouco mais de 24.000 habitantes, onde trabalho. Uau! Não que seja uma surpresa tão grande, afinal se é o Rio Acaraú que está causando todo esse estrago, seria muita sorte Marco escapar, uma vez que está localizada na região do baixo Acaraú. Mas me surpreendo assim mesmo. E decido ir ver com meus próprios olhos, se me permitem a redundância. Ora, quero ver, sim, e lá vou eu. Já dentro do carro me dou conta de que esqueci de pegar a câmera. Volto pra buscá-la, olho rapidamente o relógio na parede e vejo que tenho 30 minutos até o meu próximo atendimento. Vai dar tempo, afinal, não deve ter tanta água assim. Mas tem. O pior é que tem. A presença de um carro de bombeiros puxando uma lancha já dá a dimensão exata da tragédia. Uma lancha nas ruas de Marco?!? Estão retirando famílias que moram em área de risco, próximas ao leito do rio. Logo ali, pertinho da igreja matriz, as águas avançam sem se importar com as ruas calçadas ou com o fato de haver casas ali e pessoas morando nelas. Vejo a a doutora Ticiane do outro lado da rua, com o olhar parado na correnteza, e vou até lá. Brinco com ela, "vai trabalhar, Ticiane!", ela ri, mas é claro que eu sei que ela está trabalhando: ela coordena o programa de Vigilância Epidemiológica no município, e sabemos que, principalmente em municípios pobres,as doenças em consequência da falta de saneamento básico associada ao contato com águas contaminadas, tendem a se alastrar. Mas a visão dela ali, com as mão na cintura, o olhar desolado e a clara sensação de impotência que deixa transparecer chega a ser comovente. Não resisto e fotografo a cena. Ela se vira, vem até o carro e ameaça sorrindo:"Glos, se tu mostrar essa foto a alguém eu te mato." Mostro não, prometo, mas desço do carro e faço uma foto rapidinho de nossos rostos colados. Ficou linda, Tici, se você deixar vou botar no meu blog. Com toda aquela água atrás. Ela indica as ruas em que não passa carro, e diz que a Secretaria de Saúde está quase dentro d'água. Vou lá ver, então. E vejo. Santo Deus, a calçada já está tomada pelas águas, o Fórum local, que é vizinho, se encontra na mesma situação. Tudo parece tão irreal! Sempre acompanhei essas cenas acontecendo em várias partes do Brasil, até mesmo aqui no Ceará, mas nunca me vi no centro delas, como agora. Assistindo e acompanhando, de perto, famílias inteiras desabrigadas, tendo que se refugiar nas escolas, e que, consequentemente, ficam sem aulas, casas e móveis sendo levados pelas enxurradas, se não retirados a tempo, atendendo pessoas que me dizem, ao ser solicitado o endereço, que estão morando ali, no colégio... No colégio? Insisto, e reafirmam. Sim, no colégio, nós e mais um monte de famílias que estão sem casa. Em visita, constato o grande número de crianças nessas famílias. Assustador e preocupante. E aí chega alguém me contando que uma família, ilhada, se recusa a sair porque não votou no prefeito atual, e só sai se o candidato dela, que perdeu as eleições, mandar o socorro para tirá-los dali. Custo a acreditar que seja verdade, mas é. Tento identificar mentalmente a família em questão, e nem tento entender aquilo tudo. Até que outra pessoa vem e me diz que eles já saíram e se encontram em segurança. Graças a Deus! E ao candidato dela, que realmente mandou uma lancha para resgatá-la, parece. O que é natural, ele não pode correr o risco de perder aqueles votos na próxima eleição. Instintivamente, e quase sem me dar conta, levanto os olhos em busca de sinais de chuva (ou será do helicóptero do governador?), e algumas gotinhas embaçam meus óculos. Alguém do meu lado me pergunta baixinho, ao pé do ouvido: Glos, tu tá chorando? Claro que não, respondo, levemente iritada, tá chovendo, tá vendo não? Ao trabalho, a vida segue seu curso, independente do curso das águas do Rio Acaraú.

Strange Fruit ( Poema de  Lewis Allan, pseudônimo de  Abel Meeropol, publicado em 1936. ) Southern trees bear strange fruit, Blood on th...