domingo, 24 de outubro de 2010

O Equino e o Suíno


Estava um porco se refestelando na pocilga, quando passou por ele um maravilhoso cavalo, tratado e lavado: “Animal imundo!”, disse o cavalo. “Nem sei como você se atreve a contemplar o mesmo Sol que eu! Ficas aí, no meio da maior imundície, e todos te desprezam. E se te dão comida é apenas para que engordes, engordes, engordes, até que te mandem ao matadouro e sirvas de alimento para os homens. Agora, olha pra mim, tratado como um príncipe, ricamente ajaezado, enquanto parto pra mais nobre missão. Vou para o concurso de obstáculos da olimpíada, vou defender meu país.” E dizendo isso, saiu trotando pelos campos em direção a um ponto de fuga no horizonte.
Acontece, porém, que quando o cavalo chegou ao local da Glória, a Olimpíada já tinha terminado. E seu dono, não sabendo o que fazer com ele e não querendo perder todo o dinheiro que empregara em seus cuidados olímpicos, colocou-o no jóquei para disputar o Grande Prêmio Vale Tudo.
Mas o cavalo não era muito bom de corrida, perdeu esse prêmio e todos os outros dez páreos em que entrou. Aí, o dono, desesperado, encheu o cavalo de doping, picou-o de alto a baixo, e o cavalo só não ganhou a próxima corrida porque estourou na reta de chegada.

E acabou se encontrando dentro de uma salsicha com o porco que tanto desprezara. Depois, os dois foram comidos e se transformaram em adubo, e depois viraram alface e assim por diante.

MORAL: NADA SE PERDE, TUDO SE TRANSFORMA
(De Fábulas Fabulosas, do Millôr)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ISMÁLIA

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(Alphonsus Guimaraens 1870-1921)

sábado, 16 de outubro de 2010

VOU VOTAR NO SERRA!

Desculpem amigos/as, vou votar no SERRA.

“Cansei…Basta”! Vou votar no Serra, do PSDB.
Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar, carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.
Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.

O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega…

Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro a juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. ” É uma vergonha! “, como dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar, porque como em S.Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro.

Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz.

Vergonha, vergonha, vergonha…

Cansei de ir em banco e ver aquela fila de idosos no Caixa Preferencial, todos trabalhando de office-boys.

Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou “empreendedor” no Nordeste. Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo,SBT,Band, RedeTV, CNT, Fôlha SP, Estadão, etc.). A coitada da “Veja” passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito… Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.

Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula…

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim…

Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e vender com altos lucros. Chega dessa baboseria politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco… Quem pode, pode, quem não pode, se sacode. Tenho culpa eu, se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça? Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior.

Eu ia anular, mas cansei. Basta! Vou votar no SERRA. Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido. “Quero minha felicidade de volta.”

Dorisângela Lima
Assistente Social

Strange Fruit ( Poema de  Lewis Allan, pseudônimo de  Abel Meeropol, publicado em 1936. ) Southern trees bear strange fruit, Blood on th...