sexta-feira, 21 de outubro de 2016

FILME: O CÉREBRO DE HUGO
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Ficha Técnica

Título Original: Le Cerveau d’Hugo
Ano de Produção: 2012
País de Origem: França
Gênero: Documentário/Drama/Ficção
Roteiro e Direção: Sophie Révil
Elenco: Thomas Coumans (Hugo),  Arly Jover (Elisa)
           

* Glosvalda Correia

O objetivo deste trabalho é apresentar as principais particularidades do AUTISMO desenvolvidas no filme “O Cérebro de Hugo”.
Trata-se de um filme no formato de documentário, que explora os estudos realizados no mundo sobre o assunto, e inclui depoimentos de autistas, aspies (Asperger) e familiares. Dentro do documentário desenvolve-se a história de um personagem fictício (baseado em fatos reais), Hugo, um menino que, logo ao nascer, os pais percebem que ele é diferente: tem dificuldades para interagir com seus pais, chorava sem parar, e possuía comportamentos estranhos, como por exemplo tirar todos os livros da estante e jogá-los no chão da sala.
O Autismo Asperger é uma condição psicológica de espectro do autismo caracterizada por dificuldades na integração social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos; o que desencadeia esta síndrome no indivíduo ainda é desconhecido pela ciência, embora se acredite que sua causa está presente na genética, ou seja, nasce-se autista. O transtorno é de origem biológica. Para Freud, o Autismo é uma doença psicológica de trauma de infância.
Hugo, personagem da história, passa por inúmeras dificuldades na escola, não tem amigos, as outras crianças o acham estranho por seu modo de falar e andar, seu aprendizado é diferenciado do das outras crianças; sendo um gênio em matemática e exímio pianista, os professores não conseguem entender seu comportamento diferente dos outros colegas em sala de aula.
Nos depoimentos de outros autistas e de seus familiares, o filme traz à tona a dificuldade que estas pessoas possuem para construir relacionamentos, viver em sociedade, arrumar um trabalho, e como são rejeitados e muitas vezes tidos como retardados, quando na realidade são geniais. Fica evidente toda a dor e sofrimento vividos por eles diante dessas situações que não conseguem evitar, mesmo tendo total consciência do que acontece.
Além de retratar a história de Hugo e sua evolução na vida e na música, e as declarações de outras pessoas autistas, o filme aborda a história dos tratamentos psicológicos, evidenciando os principais psicólogos que trabalharam no autismo e desenvolveram métodos de minimizar o transtorno e, a cada dia, tirar a pessoa autista de sua prisão interior.
O filme traz ainda severas críticas ao sistema de ensino, que rejeita a criança autista em função da sua dificuldade de aprendizado, e as encaminha a hospitais psiquiátricos de dia; locais onde se tem crianças com diferentes deficiências, onde não se importam com a educação, sem a mínima estrutura de ensino, acontecendo de, em muitos casos, a criança regredir no que já tinha aprendido até o momento, ou desenvolver outros transtornos que não possuía antes de ser remetida ao hospital psiquiátrico.
As pessoas com síndrome de Asperger são muito inteligentes, e com excelentes habilidades profissionais, o que, por si só, garantiriam um bom desempenho em um emprego, por exemplo; o grande problema para elas é o social, a dificuldade em estabelecer e manter relacionamentos.
 Em vários momentos do filme, acabamos por nos identificar com essas pessoas, porque a convivência não é fácil para ninguém. Um dos participantes do documentário diz, citando um personagem do Sean Penn em outro filme: “Só sinto solidão quando estou com as pessoas”.
A mente é deveras um assunto intrigante, o cérebro ainda é um mistério fabuloso, e os depoimentos contidos no filme nos colocam em alerta sobre o quanto precisamos aprender acerca das diferenças, sem que seja necessário rejeitar o que não pode ser entendido.
Fortaleza, CE, 15 de outubro de 2016.
*Aluna do Curso de Formação em Transtorno do Espectro do Autismo
Turma de Quinta-feira/Noite

CREAECE

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