FILME:
O CÉREBRO DE HUGO
Ficha Técnica
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Título Original: Le
Cerveau d’Hugo
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Ano de Produção:
2012
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País de Origem:
França
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Gênero:
Documentário/Drama/Ficção
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Roteiro e Direção:
Sophie Révil
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Elenco: Thomas
Coumans (Hugo), Arly Jover (Elisa)
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* Glosvalda Correia
O objetivo deste trabalho é apresentar
as principais particularidades do AUTISMO desenvolvidas no filme “O Cérebro de
Hugo”.
Trata-se de um filme no
formato de documentário, que explora os estudos realizados no mundo sobre o
assunto, e inclui depoimentos de autistas, aspies (Asperger) e familiares.
Dentro do documentário desenvolve-se a história de um personagem fictício
(baseado em fatos reais), Hugo, um menino que, logo ao nascer, os pais percebem
que ele é diferente: tem dificuldades para interagir com seus pais, chorava sem
parar, e possuía comportamentos estranhos, como por exemplo tirar todos os
livros da estante e jogá-los no chão da sala.
O Autismo Asperger é uma
condição psicológica de espectro do autismo caracterizada por dificuldades na
integração social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento
repetitivos e interesses restritos; o que desencadeia esta síndrome no
indivíduo ainda é desconhecido pela ciência, embora se acredite que sua causa
está presente na genética, ou seja, nasce-se autista. O transtorno é de origem
biológica. Para Freud, o Autismo é uma doença psicológica de trauma de
infância.
Hugo, personagem da
história, passa por inúmeras dificuldades na escola, não tem amigos, as outras
crianças o acham estranho por seu modo de falar e andar, seu aprendizado é diferenciado
do das outras crianças; sendo um gênio em matemática e exímio pianista, os
professores não conseguem entender seu comportamento diferente dos outros
colegas em sala de aula.
Nos depoimentos de outros
autistas e de seus familiares, o filme traz à tona a dificuldade que estas
pessoas possuem para construir relacionamentos, viver em sociedade, arrumar um
trabalho, e como são rejeitados e muitas vezes tidos como retardados, quando na
realidade são geniais. Fica evidente toda a dor e sofrimento vividos por eles
diante dessas situações que não conseguem evitar, mesmo tendo total consciência
do que acontece.
Além de retratar a história
de Hugo e sua evolução na vida e na música, e as declarações de outras pessoas
autistas, o filme aborda a história dos tratamentos psicológicos, evidenciando
os principais psicólogos que trabalharam no autismo e desenvolveram métodos de
minimizar o transtorno e, a cada dia, tirar a pessoa autista de sua prisão
interior.
O filme traz ainda severas
críticas ao sistema de ensino, que rejeita a criança autista em função da sua
dificuldade de aprendizado, e as encaminha a hospitais psiquiátricos de dia;
locais onde se tem crianças com diferentes deficiências, onde não se importam
com a educação, sem a mínima estrutura de ensino, acontecendo de, em muitos
casos, a criança regredir no que já tinha aprendido até o momento, ou
desenvolver outros transtornos que não possuía antes de ser remetida ao
hospital psiquiátrico.
As pessoas com síndrome de
Asperger são muito inteligentes, e com excelentes habilidades profissionais, o
que, por si só, garantiriam um bom desempenho em um emprego, por exemplo; o
grande problema para elas é o social, a dificuldade em estabelecer e manter
relacionamentos.
Em vários momentos do filme, acabamos por nos
identificar com essas pessoas, porque a convivência não é fácil para ninguém. Um
dos participantes do documentário diz, citando um personagem do Sean Penn em
outro filme: “Só sinto solidão quando estou com as pessoas”.
A mente é deveras um assunto
intrigante, o cérebro ainda é um mistério fabuloso, e os depoimentos contidos
no filme nos colocam em alerta sobre o quanto precisamos aprender acerca das
diferenças, sem que seja necessário rejeitar o que não pode ser entendido.
Fortaleza, CE, 15 de outubro
de 2016.
*Aluna do Curso de Formação
em Transtorno do Espectro do Autismo
Turma de
Quinta-feira/Noite
CREAECE